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Como mostrar o valor do RH com dados (mesmo que você só use Excel)

Se o board não aprova os projetos do RH, talvez falte falar a língua certa. Comece com indicadores simples, mas que impressionam e convencem.

01/07/202512 min de leituraRH e IA
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Daniel Silvestre

Daniel Silvestre

CEO & Fundador

Especialista em inteligência artificial e transformação digital. Mais de 10 anos ajudando empresas brasileiras a implementar soluções de analytics e IA.

Como mostrar o valor do RH com dados (mesmo que você só use Excel)

Como mostrar o valor do RH com dados (mesmo que você só use Excel)

Você já apresentou um projeto de RH para o board e ouviu aquela pergunta clássica: "qual o ROI disso?"? O que mais vemos por aí é o RH ainda ser visto como custo por muitas empresas, não como investimento estratégico. O que pouca gente fala é que você pode mudar essa percepção usando dados que já tem, mesmo que seja só Excel.

O problema não é falta de dados, é falta de linguagem. O board fala a língua dos números, mas o RH ainda fala a língua dos sentimentos. Quando você mostra que reduzir turnover em 5% economiza R$ 500 mil por ano, ou que melhorar o engajamento aumenta a produtividade em 15%, você muda o jogo completamente.

Vou te mostrar como transformar seus dados em argumentos que o board entende e aprova.

O problema de ser percebido como "custo"

Quando o RH não consegue quantificar seu impacto, automaticamente vira "custo" na visão do board. Dados são a única forma de virar esse jogo.

Por que o board não entende o valor do RH

O primeiro problema é a linguagem. O board fala em receita, custos, ROI e EBITDA. O RH fala em cultura, engajamento e desenvolvimento de pessoas. Essa diferença de linguagem cria um abismo que só dados podem preencher. Quando você não consegue traduzir o impacto do RH em números que o board entende, automaticamente vira "custo" em vez de "investimento".

Outro problema é a falta de métricas claras. Muitas empresas de RH não conseguem mostrar o impacto direto das suas ações nos resultados do negócio. Se você implementa um programa de desenvolvimento de lideranças, mas não consegue mostrar como isso impacta a produtividade ou retenção, o board não vê valor. O mesmo acontece com programas de engajamento, treinamento ou cultura organizacional.

O que o board realmente quer saber

O board quer saber três coisas: quanto custa, quanto retorna e qual o risco. Quando você apresenta um projeto de RH, precisa responder essas três perguntas com dados. Quanto custa implementar um programa de retenção? Quanto você economiza reduzindo turnover? Qual o risco de não fazer nada?

Eles também querem comparar com benchmarks do mercado. Se sua empresa tem turnover de 20% e o mercado tem 12%, você tem um argumento forte para investir em retenção. Se o custo de turnover é 1,5 vezes o salário anual, você pode calcular exatamente quanto economiza reduzindo essa taxa.

Indicadores que fazem sentido para o board

ROI do RH

ROI do RH

Para cada R$ 1 investido no RH, quanto retorna em produtividade, retenção e redução de custos.

O ROI do RH é o indicador mais importante para o board. Ele mostra o retorno financeiro direto dos investimentos em pessoas. Para calcular, você precisa somar todos os benefícios financeiros (aumento de produtividade, redução de turnover, redução de custos de recrutamento) e dividir pelo investimento total no RH.

Por exemplo, se você investe R$ 100 mil em programas de RH e isso gera R$ 300 mil em benefícios (produtividade + retenção), seu ROI é 200%. Isso significa que para cada R$ 1 investido, você retorna R$ 3. Esse tipo de número impressiona o board e muda a percepção do RH de custo para investimento.

Custo de turnover

O custo de turnover é um dos indicadores mais impactantes para o board. Quando você mostra que perder um funcionário custa 1,5 vezes o salário anual (incluindo recrutamento, treinamento e perda de produtividade), o board entende imediatamente o valor da retenção.

Se sua empresa tem 200 funcionários com salário médio de R$ 5 mil e turnover de 15%, você perde R$ 2,7 milhões por ano só em turnover. Reduzir essa taxa para 10% economiza R$ 900 mil. Esses números falam por si e criam urgência para investir em retenção.

Produtividade por funcionário

A produtividade por funcionário é um indicador que o board entende perfeitamente. Quando você mostra que funcionários engajados são 15% mais produtivos, ou que programas de desenvolvimento aumentam a produtividade em 20%, você conecta RH diretamente com resultados financeiros.

Você pode calcular isso comparando a receita por funcionário antes e depois de programas de RH, ou usando métricas específicas como vendas por vendedor, projetos entregues por desenvolvedor, ou atendimentos por hora em call centers.

Como calcular com dados que você já tem

Dados básicos que toda empresa tem

Comece com os dados que você já tem. Não precisa de sistemas complexos para mostrar valor ao board.

Você não precisa de sistemas caros para começar. A maioria das empresas já tem dados suficientes no Excel para criar indicadores impressionantes. Dados de folha de pagamento, histórico de funcionários, avaliações de performance e pesquisas de clima já são suficientes para começar.

Para calcular ROI do RH, você precisa de: custos totais do RH (salários, benefícios, sistemas), número de funcionários, turnover histórico, salários médios e produtividade por funcionário. Com esses dados básicos, você consegue criar indicadores que impressionam o board.

Planilha simples que funciona

excel
# Planilha de ROI do RH
Custos RH (R$): 500.000
Número funcionários: 100
Turnover atual: 15%
Turnover meta: 10%
Salário médio: 5.000
Custo turnover: 1,5 x salário anual

Economia com redução turnover: 900.000
ROI: 180%

Essa planilha simples mostra que reduzir turnover de 15% para 10% economiza R$ 900 mil, gerando ROI de 180%. Esse tipo de cálculo é fácil de fazer no Excel e tem impacto imediato no board.

Como coletar dados sem sistemas caros

Se você não tem sistemas integrados, pode coletar dados manualmente. Crie planilhas simples para acompanhar turnover, tempo de permanência, custos de recrutamento e produtividade. O importante é começar e ir refinando conforme coleta mais dados.

Para turnover, anote cada saída com data, cargo, tempo na empresa e custo de substituição. Para produtividade, acompanhe métricas específicas por departamento (vendas por vendedor, projetos por desenvolvedor, etc.). Com 3 meses de dados, você já consegue mostrar tendências e criar argumentos sólidos.

Dicas para transformar planilhas em insights visuais

Gráficos que impressionam

Um gráfico bem feito vale mais que 10 páginas de texto. Use visualizações simples mas impactantes.

O board adora gráficos simples e diretos. Use gráficos de linha para mostrar tendências de turnover ao longo do tempo. Gráficos de barras para comparar custos de turnover vs investimento em retenção. Gráficos de pizza para mostrar distribuição de custos do RH.

O importante é que os gráficos sejam simples e contem uma história clara. Evite gráficos complexos ou com muitas informações. Foque em uma mensagem principal por gráfico e use cores que facilitem a leitura.

Dashboards que contam histórias

Crie dashboards que contam uma história completa. Comece com o problema (alto turnover), mostre a solução (investimento em retenção), apresente os resultados (redução de custos) e termine com o ROI. Cada seção deve ter um gráfico ou número que suporte a narrativa.

Use indicadores de cor (verde para positivo, vermelho para negativo) para facilitar a leitura rápida. Inclua benchmarks do mercado para contextualizar seus números. Mostre projeções futuras baseadas em tendências históricas.

Apresentações que convencem

Na apresentação, comece com o problema financeiro (custo de turnover), depois apresente a solução (programa de retenção), mostre os resultados esperados (economia de R$ X) e termine com o ROI. Use números grandes e impactantes, mas sempre com contexto.

Inclua comparações que façam sentido: "Isso é equivalente a contratar 3 novos vendedores" ou "Essa economia paga o investimento em 6 meses". Use analogias que o board entenda para tornar os números mais tangíveis.

Erros comuns na apresentação de resultados

Focar em processos em vez de resultados

O maior erro é apresentar o que você faz em vez do que você gera. O board não quer saber sobre processos de recrutamento, quer saber sobre redução de custos e aumento de produtividade. Sempre conecte suas ações com resultados financeiros.

Em vez de falar sobre "melhorar processos de onboarding", fale sobre "reduzir tempo de adaptação de 6 para 3 meses, economizando R$ X em produtividade perdida". Em vez de "programa de engajamento", fale sobre "aumento de 15% na produtividade, gerando R$ X em receita adicional".

Usar métricas que o board não entende

Evite métricas específicas de RH que o board não conhece. Em vez de "índice de satisfação", use "produtividade por funcionário". Em vez de "taxa de retenção", use "custo de turnover". Traduza sempre para a linguagem financeira que o board entende.

Outro erro é usar métricas sem contexto. Um turnover de 10% pode ser bom ou ruim dependendo do mercado. Sempre compare com benchmarks do setor e explique o que os números significam para o negócio.

Não mostrar o impacto financeiro

O erro mais comum é não traduzir resultados em dinheiro. Se você implementa um programa de desenvolvimento de lideranças, precisa mostrar quanto isso impacta a produtividade, retenção ou receita. Sem conexão financeira, o board não vê valor.

Sempre calcule o impacto financeiro direto. Se um programa custa R$ 50 mil, mas gera R$ 200 mil em benefícios, o ROI é 300%. Esse tipo de número impressiona e convence o board a aprovar investimentos.

Implementação em 4 semanas

Semana 1: Coleta de dados

Na primeira semana, você coleta todos os dados disponíveis. Exporte dados de folha de pagamento, histórico de funcionários, custos de recrutamento e métricas de produtividade. Organize em planilhas simples e identifique quais dados estão faltando.

Use ferramentas como Excel ou Google Sheets para organizar os dados. O importante é ter uma visão clara do que você tem e do que precisa coletar.

Semana 2: Cálculo de indicadores

Na segunda semana, você calcula os indicadores principais. Comece com ROI do RH, custo de turnover e produtividade por funcionário. Use fórmulas simples no Excel para automatizar os cálculos e criar dashboards básicos.

Teste diferentes cenários para entender o impacto de mudanças. Por exemplo, como o ROI muda se você reduz turnover em 5%? Ou se aumenta a produtividade em 10%? Esses cenários ajudam a criar argumentos sólidos.

Semana 3: Criação de visualizações

Na terceira semana, você cria gráficos e dashboards que contam uma história clara. Foque em visualizações simples que mostrem o problema, a solução e os resultados esperados. Use cores e formatação para facilitar a leitura.

Teste as visualizações com pessoas que não conhecem RH para garantir que a mensagem está clara. Se alguém não entende o gráfico em 30 segundos, precisa ser simplificado.

Semana 4: Preparação da apresentação

Na última semana, você prepara a apresentação para o board. Estruture com problema, solução, resultados e ROI. Pratique a apresentação e prepare respostas para perguntas comuns sobre metodologia e projeções.

Inclua benchmarks do mercado e casos de sucesso de outras empresas para dar credibilidade aos seus argumentos. Mostre que você não está inventando, apenas aplicando boas práticas do mercado.

Ferramentas que funcionam

Para começar simples

Para empresas que estão começando, Excel é suficiente para criar indicadores básicos. Google Sheets oferece colaboração em tempo real. Power BI é excelente para visualizações avançadas se você já usa Microsoft.

Para evoluir

Para necessidades mais complexas, Tableau oferece visualizações avançadas. Python é ideal para análises mais sofisticadas. R é excelente para estatísticas avançadas. O importante é começar simples e ir evoluindo.

Para empresas grandes

Empresas grandes podem usar Visier para people analytics completo. Culture Amp combina pesquisas com analytics. Glint oferece monitoramento contínuo de engajamento. Essas ferramentas são robustas mas podem ser caras para empresas menores.

Como medir se está funcionando

Métricas de aprovação

As métricas principais são claras. O número de projetos de RH aprovados deve aumentar significativamente. O orçamento aprovado para RH deve crescer. O tempo de aprovação de projetos deve diminuir. A satisfação do board com o RH deve melhorar.

Métricas de impacto

O impacto pode ser medido pelo ROI dos projetos aprovados, redução de custos de turnover, aumento de produtividade e melhoria nos indicadores de negócio. O importante é que os projetos de RH tenham impacto mensurável nos resultados da empresa.

Métricas de credibilidade

A credibilidade do RH pode ser medida pela frequência de consultas do board sobre pessoas, inclusão do RH em decisões estratégicas e reconhecimento do valor do departamento. Quando o board começa a consultar o RH sobre decisões estratégicas, significa que a percepção mudou.

Os desafios que você vai enfrentar

Algumas empresas se preocupam com a falta de dados históricos. A solução é começar a coletar dados agora e usar benchmarks do mercado para criar projeções. Mesmo com poucos dados, você consegue mostrar tendências e criar argumentos sólidos.

Outras se preocupam com a complexidade dos cálculos. A solução é começar simples, com indicadores básicos que são fáceis de calcular e entender. Não precisa de análises complexas para impressionar o board. Indicadores simples bem apresentados são mais efetivos.

Algumas pessoas podem achar que dados desumanizam o RH. A solução é mostrar que dados são ferramentas para tomar melhores decisões sobre pessoas. Os dados não substituem o julgamento humano, mas o complementam com informações objetivas.

Perguntas frequentes

Muitos se perguntam se precisam de um time de Data Science. A resposta é não. Você pode começar com Excel e ferramentas simples. Para necessidades mais complexas, pode contratar uma consultoria especializada.

Sobre o tempo para ver resultados, em 2 a 3 meses você já consegue mostrar impacto significativo. A coleta de dados é mais rápida do que parece quando você foca nos indicadores mais importantes.

Funciona para empresas pequenas? Sim, empresas com 50 ou mais funcionários já conseguem benefícios significativos. O importante é ter dados suficientes para criar indicadores relevantes.

Para garantir que os dados sejam confiáveis, use fontes oficiais, valide os cálculos e seja transparente sobre as limitações. A honestidade sobre os dados aumenta a credibilidade.

Qual a diferença entre indicadores de RH e métricas de negócio? Indicadores de RH focam em processos internos, enquanto métricas de negócio conectam RH com resultados financeiros. Para o board, sempre use métricas de negócio.

Próximos passos

Dados são a única forma de transformar o RH de custo em investimento estratégico. Quando você fala a língua do board, consegue aprovar projetos que realmente fazem diferença para a empresa.

Quer transformar dados em argumentos que convencem? Agende uma conversa para entender como podemos ajudar a criar indicadores que impressionam o board e aprovam seus projetos.